domingo, 24 de maio de 2009

Um tripeiro em... Roland Garros

Há umas semanas atrás respondi a um anúncio para chefe de uma secção de metalomecânica.
A coisa não era nova para mim porque já tinha feito o mesmo em Portugal e, apesar de me ter incompatibilizado com o patrão e mandá-lo para o caralho numa reunião antes de me demitir, acho que a coisa até nem correu muito mal.

Para minha surpresa, o big boss da empresa liga-me a um sábado à tarde a perguntar se poderia começar na segunda-feira seguinte, mas queria que eu visse o site da empresa antes de dar qualquer resposta.
Assim o fiz e quando vi que a empresa fazia desde tendas de praia até coberturas de portagens em estrutura tubulares, assustei-me um bocado, até porque as noções de cálculo de estruturas que aprendi no meu curso não chegam para as últimas.
Um bocado desiludido lá telefonei a explicar que os meus conhecimentos não chegavam para projectar estruturas como as de Orleans.

Aqui é que a coisa ficou ainda mais estranha porque ele responde-me que não havia problema e que aquele tipo de estruturas era projectado por engenheiros ou arquitectos externos e que eu só precisava de saber trabalhar com o solidworks e o autocad.
Resumindo. O gajo convenceu-me a fazer um contrato temporário que iria funcionar como período de experiência para as duas partes e na segunda-feira seguinte lá fui eu (à pressa) à sede da empresa para assinar o contrato uma vez que começaria a trabalhar no turno das 13:30 às 22:00.

A sede...
Aquilo parecia (e parece) uma oficina à boa maneira portuguesa!
Tudo a monte, com um aspecto sujo. Eu vi logo no buraco em que me ia meter... mas ao menos a secretária era gira!!!
Lá assinei o contrato, deram-me uns sapatos de segurança, roupas de trabalho e um mapa com a localização do sítio aonde iria trabalhar. Sim! Eu não ia trabalhar na sede uma vez que o pessoal estava todo a montar as tendas de Roland Garros... Que chique!
“Que se lixe! Ao menos vai servir para sair de casa e praticar o meu francês... e a secretária é boa!”

Lá me meti no metro, almocei numa estação as sandes feitas com os restos de domingo e apresentei-me ao serviço à hora indicada.
Procurei o encarregado da obra, disse-lhe quem era e ele muito amavelmente pôs-me junto com os temporários a descarregar material dos camiões e mais tarde iniciei-me na bela arte de montar tendas (não confundir com armar barraca, coisa que sou perito há anos).

É claro que cheguei a casa feito num oito e no dia seguinte tive que tomar um analgésico antes de ir trabalhar, porque quando acordei doíam-me os músculos todos (até aqueles que não sabia ter).
No quarto dia sentia que os músculos queriam sair para fora das minhas mãos, mas lá me aguentei, mesmo debaixo de chuva.
O fim-de-semana nunca foi tão bem-vindo como aquele.

As mãos continuam a doer-me. Já não sentia nada assim desde que passei o meu 18º verão a jogar tetris... Porra! Já foi há meia vida atrás!

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