terça-feira, 31 de março de 2009

"Never get out of the boat" - 2

Antes de ter vindo para França, o pai de um amigo meu deu-me alguns francos para serem trocados por euros no Banco de França.

Informei-me no site do Banco de França aonde poderia fazer a troca e em vez de ir para o centro de Paris, optei por ir a Noisiel, uma cidadezinha perto de onde moro onde existe uma filial do BF.

Como seria de esperar, escolhi o dia mais frio até essa altura para ir ao BF.
Na véspera tinha consultado o google maps para ver qual o melhor caminho desde a estação de comboio até ao banco, e pela imagem de satélite vi que bastava seguir até ao final da alameda com árvores e virar à esquerda.
Chegado à saída da estação de Noisiel cumpri o planeado, mas ao fim de 15 minutos de caminhada na tal alameda comecei a acreditar que me tinha enganado no caminho.

Já disse que estava um frio do caraças?
Se calhar era por isso que não aparecia ninguém na rua para eu pedir indicações.
Sim! Eu sei que o Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil e que não parou a meio para perguntar direcções, mas o frio intenso fez com que abandonasse um dos princípios mais sagrados do Macho Lusitano: nunca pedir orientações a ninguém mesmo que esteja perdido.

Ainda estava a dizer mal da minha vida e do frio quando vi ao longe um tipo que carregava uns caixotes para a mala de um carro.
Radiante pela possibilidade de perguntar a alguém como se ia para o Banco de França, passei os metros que me separavam do tipo a ensaiar mentalmente o meu melhor francês.

Ainda não tinha acabado de dizer "bonjour", quando o tipo grunhiu apontando para os ouvidos, acenando a cabeça fazendo-me um sinal negativo.
Era um surdo-mudo!

"Never get out of the boat... Never get out of the boat..."

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