terça-feira, 31 de março de 2009

"Never get out of the boat" - 1

A minha primeira desventeura começou com uma simples ida à Segurança Social.
Após ter elaborado dois "planos de assalto" (via autocarro ou via comboio), decidi com a Aurora (a minha esposa) que iríamos usar o primeiro uma vez que tínhamos bilhetes que nos permitiriam andar nos autocarros durante uma hora e meia.

Como "tinha de ser", no dia em que fomos à Segurança Social estava a chover... e muito.
Apressadamente saímos de casa e já no autocarro pergunto à Aurora se tinha trazido o "o mapa da mina" que tínhamos feito na véspera. Ela responde afirmativamente e ao tirá-lo da carteira, o horror... tinha trazido o itinerário via comboio.
Sem entrar em pânico, ela dirigiu-se ao motorista que lhe disse como atingir o nosso destino.

Como seria de esperar, chovia torrencialmente na paragem onde esperava por um novo autocarro e como bom português entrei nele a resmungar.
Segundos depois de me ter sentado aparecem dois rapazes com coletes reflectores que erroneamente identifiquei como sendo "picas". Afinal os marmelos só andavam a fazer inquéritos sobre a satisfação dos utilizadores daquela linha.
Era mesmo o que me faltava! Até porque era a primeira vez que andava por aqueles lados.

Enquanto respondia aos inquéritos, a Aurora foi pedir indicações ao motorista que antes de lhe responde pergunta-lhe com um sotaque beirão: "Você é portuguesa?"
É claro que o resto das indicações foram dadas na língua de Camões... bem, mais ou menos na língua de Camões.

Quinze minutos mias tarde o motorista recebe ordens via rádio para deixar todos os passageiros na paragem X e dirigir-se à estação de recolha.
Como todos saímos na paragem X, mas quando passávamos junto à porta da frente, o motorista gritou-nos lá de dentro para entrarmos que ele nos levaria até perto do nosso destino uma vez que este ficava em caminho.

O resto da viagem foi surrealista. Entre insultos e apitadelas, o motorista tristemente nos confidenciou que o pessoal que estava nas paragens e nos via passar por eles sem parar estava farto de chamar nomes à maezinha dele.

Agradecidos, saímos junto ao nosso destino e lá chagados, a primeira coisa que nos perguntam é a nossa morada e logo a seguir porque tínhamos ido lá uma vez que havia uma delegação da Segurança Social a 500 metros da nossa casa...

"Never get out of the boat... Never get out of the boat... "

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